Nos 70 anos da televisão no Brasil, especialistas escolhem programas e novelas que marcaram a história
Acadêmicos comentam momentos mais icônicos da TV brasileira
Para a professora Esther Império Hamburger, da Universidade de São Paulo, é impossível escolher a melhor novela da televisão. Mas algumas candidatas se destacam. “Beto Rockfeller”, sucesso da TV Tupi em 1968, é a primeira delas porque levou dinamismo e frescor para o formato.
“Trouxe tempo contemporâneo, gravação em locação na cidade, diálogos coloquiais, experimentação de linguagem, roteiros originais não baseados em adaptações literárias”, explica.
Para muitos especialistas, a novela com Luiz Gustavo e Débora Duarte foi considerada um divisor de águas para a dramaturgia porque abandonou o melodrama e o engessamento característicos até então e incorporou o jeitinho brasileiro. “Se misturou comédia, melodrama, suspense, sempre mantendo um elemento de crítica de costumes, uma liberalização de costumes, alusões a modas, ansiedades do mundo”, diz a professora.
Para ela, as melhores novelas foram as que souberam incorporar e atualizar esses elementos. “Gosto de repertório que polariza porque provoca debate, sintoniza alguma ansiedade e polemiza. As pessoas passam a exercitar suas diferenças e convergências via discussão sobre conflitos do folhetim”, explica.
Para ela, a lista se completa com “Guerra dos Sexos”, “Roque Santeiro”, “Vale Tudo”, “Avenida Brasil”, “Pantanal” e “O Rebu”.
Coberturas do Jornal Nacional
Com mais de 55 anos de história e um mundo que viu conflitos, destituições e desastres naturais, é difícil escolher o momento mais marcante do “Jornal Nacional”, avalia o professor de Telejornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, Wesley Carlo Fernandes Elago. Para ele, três momentos merecem destaque: a morte de Tancredo Neves, em 1985; a queda do Muro de Berlin, em 1989; e o impeachment de Fernando Collor de Melo, em 1992, pela audiência e impacto.
Já entre as melhores coberturas, segundo o professor aposentado da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), Pedro Celso Campos, estão a retomada do Complexo do Alemão, pela qual o jornal ganhou o Prêmio Emmy Internacional na categoria Jornalismo em 2011; os atentados de 11 de setembro nos EUA, quando “a emissora compreendeu a angústia das pessoas e atendeu a demanda da audiência, alterando toda a sua grade de programação”; e as “Caravanas JN”, entre julho e outubro de 2006. Segundo o professor, elas souberam “registrar os anseios da sociedade durante as eleições” e fazer com que o público se sentisse representado.
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