ONU identifica crescimento da pobreza na América e vê Agricultura Familiar como solução
Com o aumento da desigualdade, a segurança alimentar está ameaçada
Um estudo das Nações Unidas (ONU) sobre segurança alimentar reconheceu a Agricultura Familiar como uma forma essencial para resolver os problemas relacionados à desnutrição e a má alimentação. Esse estudo decorreu de um relatório da ONU sobre a desigualdade social na América Latina e Caribe, que identificou a má distribuição da alimentação e grande carência nutricional em várias regiões do continente.
De acordo com o relatório citado, o sobrepeso infantil nos territórios mais atrasados da região é duas vezes maior do que nas regiões sem atraso: 13,1% contra 6,6%. Além disso, o relatório apurou o atraso do crescimento infantil, que neste caso, alcança 27,6% nos territórios com atraso elevado e apenas 11,9% naqueles sem atraso.
“As médias nacionais escondem desigualdades territoriais. Em cada país, temos locais que atingiram padrões muito bons e outros onde as condições são muito graves. É fundamental que os países concentrem seus esforços e canalizem recursos para territórios atrasados, com soluções sob medida para cada um deles”, disse Julio Berdegué, Representante Regional da FAO.
Um em cada cinco territórios analisados pelo Panorama apresenta defasagem em ambos os indicadores: esses territórios costumam ser rurais, com elevados níveis de pobreza e elevada presença de população indígena e afrodescendente.
Na verdade, por causa da pandemia, os índices de pobreza nessas regiões aumentaram, causando grande preocupação nas autoridades.
A agricultura familiar como solução para o problema da pobreza
Uma das soluções encontradas para resolver essa questão é justamente o investimento na agricultura, em especial a agricultura familiar. O relatório aponta a necessidade urgente de investir no campo e na agricultura familiar.
Isso porque as áreas e populações rurais são as mais afetadas pela pobreza e desnutrição. Além disso, nas regiões rurais o custo da alimentação é menor e também existe maior disponibilidade de produtos saudáveis.
“É fundamental promover sistemas alimentares que favoreçam o acesso a alimentos nutritivos, diversificados e acessíveis, o que só pode ser feito com o apoio à agricultura familiar ”, disse Rossana Polastri, Diretora do FIDA para a América Latina e o Caribe.
O relatório também sugere o aumento dos gastos sociais de governos em programas de combate à pobreza e a fome. No Brasil, isso equivale ao programa Bolsa Família e também ao atual Auxílio Emergencial. Ambos têm contribuído para afastar o problema da extrema miséria no país.
Por fim, salienta Miguel Barreto da WFP, “este relatório confirma a necessidade de os governos da região expandirem suas redes de proteção social existentes e aumentarem os gastos sociais para que seus benefícios cheguem às pessoas mais vulneráveis afetadas pela insegurança alimentar em um estágio de pandemia”, disse Miguel Barreto, Diretor Regional do WFP.